10/08/2017

Secos e molhados

Escola do Corim, 1989 (ou 1990). Sentimos um perverso consolo quando, em ambiente aquecido, olhamos pela janela e vemos gente que passa sob uma chuva inclemente de Outono — e o vento cresce e parece que chove mais. Mas eu observava-os do interior da sala de aula, refém de orações subordinadas e subordinantes, e aqueles seis ou sete garotos um pouco insubordinados, encharcados até aos ossos, jogavam à bola e tinham o campo todo para eles. Pouco importava quem ganhava, quem perdia. Ainda hoje os invejo, como não me lembro de alguma vez ter invejado alguém.