22/09/2017

Wanting to be elected


A campanha para as eleições autárquicas começou oficialmente há dois ou três dias. O meu gémeo-génio concorre neste acto eleitoral, no concelho de Viseu. Acho que nunca ambicionei ser político, mas sempre apreciei o papel do conselheiro do príncipe. O concurso destas duas circunstâncias impele-me agora a debitar conselhos. (Há muitos anos, um presidente a quem foi perguntado «De quem recebe conselhos?» declarou com admirável desassombro: «Não gosto de receber conselhos, gosto de receber presuntos.» O presunto aumenta o nível de ácido úrico no sangue e, convenhamos, um conselho fica mais em conta.) O primeiro que pretendo doar é um conselho democrático: destina-se a todos os candidatos, independentemente do seu quadrante político, círculo eleitoral e número de dioptrias. Provém de um homem que encarnou as grandes esperanças da América intelectual e progressista dos anos 50, e que infalivelmente acabaria derrotado — por duas vezes — nas eleições presidenciais norte-americanas contra o general Eisenhower. Que dizia este homem, de seu nome Adlai Stevenson? Wanting to be elected disqualifies you for the job.